PITIOSE EQUINA

 A postagem de hoje será sobre a doença conhecida como pitiose equina e é um pequeno resumo contendo apenas as partes principais da doença.

INTRODUÇÃO

A pitiose é uma    doença ulcerativa, proliferativa na pele e tecido subcutâneo, causada pelo  agente etiológico Pythium insidiosum,do reino Stramenophila, filo Oomycota, produtor de zoospóros biflagelados que possuem capacidade de locomoção. 
Ela é conhecida como “mal dos pântanos”, “ferida brava”, “ferida da moda”, hifomicose, zigomicose,  dermatite granular, “bursatee”, Florida leeches, granuloma ficomicótico, e “swamp cancer”.

EPIDEMIOLOGIA 

 A pitiose ocorre em regiões de clima tropical, subtropical, tendo sido relatada nas Américas, alguns países europeus, sudeste asiático e Oceania. Não há  predisposição por sexo, idade ou raça e a fonte de infecção são os zoósporos ambientais, não havendo relatos de transmissão direta entre animais e homens. 
Para a produção de zoóporos  ambientais são necessárias temperaturas entre 30◦ a 40◦ C e o acúmulo de água em banhados e lagoas. A grande maioria dos casos de pitiose durante ou após a estação chuvosa. No pantanal brasileiro, a maioria dos casos de pitiose equina são registrados entre os meses de fevereiro e maio, período que corresponde ao ápice das cheias.
O ciclo do agente etiológico baseia-se na colonização de plantas aquáticas, que servem de substrato para o desenvolvimento e reprodução do organismo, formando zoosporângios. Os zoósporos livres na água, movimentam-se até encontrar outra planta(ou animal), onde se encistam e emitem tubo germinativo, dando origem a um novo micélio  e completando seu ciclo. Análises em vitro demonstraram a atração dos zoósporos por pêlos, tecidos animal e vegetal, sendo a quimiotaxia atribuída a algumas substâncias presentes nestes tecidos. Uma substância amorfa é liberada pelo zooporo após o seu encistamento, a qual é provavelmente é produzida em resposta ao fator quimiotático do hospedeiros; essa substância agiria como um adesivo para ligar o zoósporo  a superfície do hospedeiro e permitir a formação  de um tubo germinativo.
Os cavalos em contato com águas contaminadas poderiam atrair os zoósporos , os quais geminariam a partir de uma lesão cutânea. Outro autores sugeriram a possibilidada de  penetração dos zoósporos através de folículos pilosos, baseados na detecção de hifas  no interior dos folículo de bovinos infectados naturalmente e no fato da quimiotaxia ser mais ativa na região localizada dentro da folículo piloso. Essa observação pode questionar a necessidade de lesão na pele para que ocorra a germinação dos zoósporos.


 PATOGENIA

O zoósporo em contato com uma ferida, produz tubo germinativo com secreção de enzimas  proteolíticas que penetram ativamente nos tecidos exercendo pressão  para a sua penetração. Uma vez nos tecidos, as hifas de P. insidiosum liberam exoantígenos denominados de antígenos de apresentação celular(APC). O APC libera IL4(interleucina 4) que estimula a atração dos linfócitos T auxiliar(Th0), que também estimulam linfócitos Th2, que por sua vez estimula a produção de mais IL4  e IL5. As IL4 regulam a expressão de Th1  e estimulando por sua vez, células B para a produção de IgE, IgM e IgG. As IL5 e IgE desencadeiam a mobilização de eosinófilos e mastócitos para o local da lesão. Estas células vão degranular(são resposánveis por danos teciduais) sobre as hifas de P. insidiosum que irá desenvolver os “kunkers” da pitiose.

SINAIS CLÍNICOS

Lesões cutâneas são as mais frequentes e atingem principalente as extremidades distais dos membros e porção ventral da parede toraco-abdominal, provavelmente devido ao maior tempo de contato com águas contaminadas com zoósporos. Os sinais clínicos caracterizam-se  lesões ulcerativas granulomatosas, formando grandes massas teciduais, com bordas irregulares, de aparência tumoral com hifas recobertas pro células necróticas, que formam massas branco-amareladas, semelhante a corais, chamadas internacionalmente de “Kunker”. Os kunker variam entre 2 a 10 mm de diâmetro, tem forma irregular, ramificada, com aspecto arenoso, e penetram no tecido granular, dentro se sinus formados ao londo de seu trajeto. Apresentam secreção sero-sanguinolenta, muco-sanguinolente, hemorrágicas e às vezes, mucopurulenta que flui através do sinus. Os animais apresentam intenso prurido e normalmente mutilam a lesão na tentativa de aliviar o desconforto. Também a pitiose pode se disseminar para órgão internos a partir e infecções subcutâneas.
 O envolvimento intestinal é a segunda forma mais frequente de infecção pelo Pythium insidiosum em equinos. Os casos descritos apresentam se como episódios de cólica, cuja causa é a presença de massas teciduais, com obstrução  do lúmen intestinal ou ambos. Os achadosde necropsia e excisão cirúrgica revelaram ulceração intestinal e massas modulares localizadas na parede do jejuno, podendo atingir 20 cm de diâmetro.


HISTOPATOLOGIA

Os “kunkers” apresentam-se como coágulos eosinofílicos de tamanho variado, e  forma circula com contorno irregulares. Estes coágulos são compostos por hifas, colágeno, arteríolas e células inflamatórias, especialmente eosinófilos. Em torno das hifas os eosinófilos estão degranulados em direção a periferia os grânulos tornam-se mais evidentes. Na borda é comum encontrar eosinófilos intactos. A área ao redor do coágulo é composta por um exsudato inflamatório espesso de neutrófilos e eosinófilos. A área entre os “kunkers” é caracterizada por inflamação granulomatosa e supurativa.
Em cortes histológicos corados com coloção especial de prata, pode-se observas as hifas com paredes espessas, esparsamente septadas, irregulamente ramificadas(normalmente em ângulo reto) e medindo de 2 a 6 µm de diâmetro.

DIAGNÓSTICO

O diagnóstico da pitiose basea-se nos sinais clínicos ,histopatológicos e no isolamento e na identificação do agente através de suas características  culturais, morfológicas e reprodutivas. Atualmente, métodos como imunohistoquímica , PCR(reação de polimerase em cadeia) e técnicas sorológicas auxiliam e suportam um diagnóstico precoce e correto.

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

Habronemose, neoplasia de tecido de granulação exuberante e granulomas fúngicos e bacterianos.

TRATAMENTO

O tratamento é difícil pois  o Pythium insidiosum difere dos fungos verdadeiros na produção de zoósporos móveis, na composição da parede celular e na membrana celular. A membrana plasmática não contêm esteroides, como o ergosterol, que é o componente alvo da maioria das drogas antifúngicas.
Geralmente é feito tratamento cirúrgicos em lesões superficiais ou utilizado iodeto de potássio ou imunoterapia entre outros tratamentos. 

REFERÊNCIAS 
Artigos:
Pitiose equina no pantanal brasileiro: aspectos clínicos -patológicos de casos típicos e atípicos. 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-736X2001000400005

Pythium insidiosum: avaliação de imunoterápico para equinos utilizando-se coelhos como modelos experimentais.

Contribuição ao estudo de pitiose cutânea em equídeos do pantanal norte, Brasil.

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